A perita criminal Rosângela Monteiro, primeira testemunha a depor ontem quarta-feira (24/3), afirmou que a principal prova de que foi Alexandre Nardoni que jogou Isabella pela janela é a marca da rede na camiseta dele. A perita foi ouvida por mais de cinco horas no julgamento do casal Nardoni, acusado de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Isabella Nardoni foi espancada, sufocada e atirada pela janela do 6º andar do Edifício London, em março de 2008.
O depoimento de Rosângela Monteiro foi até agora o mais duro. Usando palavras fortes e acusando o casal de usar “requintes de crueldade”, a perita afirmou com certeza que o sangue encontrado dentro do apartamento era de Isabella, fato que prova que a criança entrou ferida no apartamento. Rosângela declarou também que esse foi um dos locais de crime mais preservados onde ela já trabalhou em 20 anos de carreira. No período em que prestou esclarecimentos no fórum, a perita foi, por diversas vezes, confrontada pela advogada de defesa Roseli Soglio, que também é especializada em perícia criminal.
A segunda testemunha ouvida foi o jornalista Rogério Pagnan, da Folha de S.Paulo, às 17h. Na época do crime, ele fez uma série de reportagens sobre o caso. Em uma das matérias, Pagnan entrevistou o pedreiro Gabriel Santos, que informou que a porta da obra atrás do edifício havia sido quebrada. O pedreiro seria a próxima testemunha a prestar depoimento, mas foi dispensado pela defesa, assim como outras sete pessoas.
Durante pouco mais de 30 minutos de depoimento, Pagnan comentou sobre as matérias veiculadas edanificou a maquete confeccionada a pedido do Ministério Público para demonstrar a cena do crime, arrancando gargalhadas dos presentes. Os danos na maquete, feitos de forma não-intencional, foram mínimos.
Vaias e chutes
Acostumado a ser recebido por vaias e gritos da população, o principal advogado de defesa, Roberto Podval, quase levou um chute ao tentar entrar no Fórum de Santana, após o recesso de almoço, às 15h30. Um homem não identificado tentou agredi-lo, mas, devido à grande quantidade de pessoas na frente do local, não conseguiu alcançar Podval, que continuou sendo vaiado pelas pessoas até conseguir entrar no fórum.
Houve grande tumulto também na fila organizada para pegar as senhas necessárias para ter acesso ao julgamento. Dois estudantes começaram a brigar porque um deles estava tentando furar fila. Policiais militares já estavam no local tentando organizar a agitação.
A mãe de Ana Carolina Oliveira, Rosa Cunha de Oliveira, conversou com a imprensa à tarde e disse ter cada vez mais certeza de que Anna Jatobá e Alexandre Nardoni serão condenados.
Delegada é liberada
Após ficar incomunicável no Fórum de Santana, para possíveis acareações, a delegada Renata Pontes foi liberada agora à tarde. No entanto, Ana Carolina deve permanecer no local, sem poder comunicar-se com ninguém, para possível acareação entre ela e Alexandre Nardoni, hoje quinta-feira (25/3).
Entenda o caso
O julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá começou na segunda-feira (22/3). Isabella Nardoni tinha 5 anos quando foi encontrada no jardim do prédio onde moravam o pai e a madrasta, na Zona Norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico.
Desde então, Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni são acusados de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. No entanto, o casal sempre negou as acusações e alega que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.
Por : Pb. Gidel de Morais
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