Retrospectiva: Relembre fatos que marcaram o Brasil, destaque na política e fatos que marcaram a economia em 2018




Em 2018, os brasileiros presenciaram dois estados sofrerem uma intervenção federal por causa de problemas financeiros e na segurança. O ano teve também Museu Nacional do Rio ardendo em chamas. Na área da saúde, doenças consideradas superadas e controladas no país - sarampo e pólio - voltaram a assustar com surgimento de casos. E no fim do ano, centenas de mulheres denunciaram o médium João de Deus, conhecido nacionalmente e fora do país, por crimes sexuais.

Relembre fatos que marcaram o país no ano de 2018:


A crise financeira do Rio de Janeiro, que impactou diretamente nos indicadores de violência, levou o presidente Michel Temer a decretar a intervenção federal na segurança pública do estado, no dia 16 de fevereiro. Em cerimônia no Palácio do Planalto, Temer nomeou como interventor o general de Exército Walter Souza Braga Netto. A intervenção se estenderá até o dia 31 de dezembro. Com a medida, o comando das polícias civil e militar, dos bombeiros e do sistema penitenciário foi unificado, e o governo federal investiu na estrutura do sistema de segurança do Rio de Janeiro, que estava sucateada. Em agosto, foram destinados R$ 1,2 bilhão. No último dia 27, o interventor federal disse que após dez meses de trabalho a intervenção atingiu os objetivos de recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade.


O socorro ao Rio de Janeiro paralisou a votação, na Câmara dos Deputados, da reforma da Previdência, uma das prioridades do governo federal. Conforme estabelece a Constituição, durante a intervenção federal fica proibida qualquer mudança no texto constitucional.

Sarampo e pólio

O ano de 2018 marcou o retorno do sarampo ao Brasil. O país que, em 2016, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus, fechou o ano com mais de 10 mil casos confirmados. A cepa de sarampo que circula no país é a mesma identificada na Venezuela. Em setembro, a Opas chegou a alertar que o Brasil pode perder o certificado de eliminação do vírus, se o surto se manter por um período superior a 12 meses. Os primeiros casos da doença foram identificados, na Região Norte, no início do ano.

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Outra doença que voltou a assombrar o país foi a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil. Em junho, a Sociedade Brasileira de Pediatria alertou para casos suspeitos de pólio na Venezuela e reforçou a necessidade de manutenção da taxa de cobertura vacinal acima de 95%. No mês seguinte, o Ministério da Saúde informou que 312 municípios tinham cobertura vacinal contra a pólio abaixo dos 50%. Em agosto, uma campanha de vacinação foi iniciada contra a pólio e o sarampo para todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos – inclusive as que já haviam recebido a dose. Com isso, a meta de vacinar 95% da população-alvo foi alcançada. 

Venezuelanos no Brasil


A crise migratória desencadeada pela chegada contínua de venezuelanos no Brasil reuniu episódios de tensão, disputas políticas e judiciais, assim como de violência. As agências das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e para Migrações (OIM) estimam que 3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela rumo a distintos destinos. Só para o Brasil, vieram 85 mil a maioria para Roraima.

O episódio mais marcante foi um ataque em agosto quando venezuelanos foram expulsos de barracas e abrigos. Os agressores atearam fogo em objetos. A agressão ocorreu após um assalto a um comerciante que foi espancado. Quatro venezuelanos foram apontados como suspeitos do assalto.

Diante do cenário, o governo de Roraima apelou para o fechamento da fronteira com a Venezuela. O presidente Michel Temer e o Supremo Tribunal Federal (STF) se opuseram. O governador eleito e interventor em Roraima, Antonio Denarium, defende restrições aos imigrantes. No esforço de buscar alternativas, o governo federal implemenou desde abril, junto com o Acnur, o processo de interiorização dos venezuelanos, transferindo-os para 29 cidades, como São Paulo, Manaus, Brasília, Curitiba e Rio de Janeiro.

Escola sem Partido
Após diversas tentativas de votação em comissão especial na Câmara dos Deputados, o projeto de lei (PL) conhecido como Escola sem Partido acabou sendo arquivado. Após as eleições, o relator, deputado Flavinho (PSC-SP) apresentou um substitutivo. Desde então, a comissão tentou aprovar o texto, sem sucesso. As sessões foram marcadas por tumultos e bate-bocas tanto entre parlamentares quanto entre manifestantes pró e contrários ao projeto. Para voltar a ser apreciado, o projeto precisa ser desarquivado e uma comissão deverá ser composta.

Reforma do Ensino Médio e Plano Nacional de Educação
O governo federal aprovou este ano mais normativas para colocar em prática as mudanças na oferta do ensino médio no país: a Base Nacional Comum Curricular e as Diretrizes Curriculares Nacionais. O novo modelo deverá chegar às salas de aula até 2021, e prevê que todos os estudantes do Brasil, de escolas públicas e particulares, passarão por uma formação comum e por uma formação específica, que poderá ser em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico.

O MEC também entregou, este ano, ao Conselho Nacional de Educação a chamada Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica e uma proposta para revisão da estrutura dos cursos de pedagogia. 

Aprovada e sancionada em 2014, a lei do Plano Nacional de Educação (PNE) completou, em 2018, quatro anos de vigência. A lei prevê metas para serem cumpridas até 2024 para melhorar a qualidade da educação  infantil até a pós-graduação. Até o final da vigência, o PNE prevê metas intermediárias. 

O relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas PNE, divulgado este ano, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostrou que o país tem ainda muitos desafios, entre eles, o acesso à educação. Segundo o Inep, o Brasil aumentou a porcentagem de crianças e adolescentes na escola, mas ainda precisa incluir pelo menos 1,95 milhão de pessoas entre 4 e 17 anos nos sistemas de ensino. Pelo PNE, até 2016, o país teria que universalizar a pré-escola e o ensino médio. 

Incêndio do Museu Nacional do Rio


Em 2 de setembro, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. O acervo reunia cerca de 20 milhões de itens, como coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia - entre eles o crânio de Luzia, fóssil mais antigo encontrado no continente americano. Muitas peças foram destruídas, sendo que 1.500 peças e conjuntos foram recuperados - processo que permanece. O Ministério da Educação (MEC) repassou R$ 15 milhões para as obras emergenciais e elaboração do projeto executivo de recuperação, a cargo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Por meio de emendas parlamentares da bancada do Rio de Janeiro, serão repassados R$ 55 milhões, além de 190 mil euros doados pelo governo alemão.

Saída de Cuba do Mais Médicos


Em novembro, Cuba anunciou a saída de seus profissionais do Programa Mais Médicos. O país tomou a decisão após exigências feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para a continuidade dos médicos no programa – como que fizessem o Revalida, exame de validação do diploma. A vinda dos médicos cubanos foi acertada por meio de convênio firmado entre os governos brasileiro e de Cuba, em 2013, por meio da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), e que dispensava a validação do diploma dos profissionais. Com a saída dos profissionais, o Ministério da Saúde lançou editais para substituição dos 8.517 cubanos, que atuavam em 2.824 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Inicialmente, concorreram apenas médicos brasileiros com registro no país. Um novo edital, em andamento, seleciona também profissionais formados no exterior.

Moro deixa Lava Jato



No dia 1º de novembro, o juiz federal Sergio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato, aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o ministro da Justiça. O juiz deixou 22 anos de magistratura para se tornar um dos principais nomes do novo governo. A ida de Moro para o Executivo dividiu opiniões e chegou a ser alvo de questionamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

Intervenção em Roraima
A 20 dias do encerramento do mandato da governadora Suely Campos (PP), o presidente Michel Temer determinou a intervenção federal em Roraima, devido à crise na segurança pública e no sistema penitenciário do estado, além do desequilíbrio nas finanças. Temer nomeou como interventor o governador eleito Antonio Denarium (PSL). A intervenção federal foi anunciada na noite do dia 7 de dezembro, após o presidente ter conversado com a governadora afastada do cargo. A decisão foi referendada pelo Conselho da República e pelo Conselho de Defesa Nacional e o decreto de intervenção passou pelo Congresso Nacional.

O Palácio do Planalto liberou R$ 225,7 milhões para pagamento dos salários dos servidores de Roraima. Em alguns setores, a folha de pagamento estava atrasada desde outubro, o que provocou paralisaçãoes e protestos, incluindo policiais civis e agentes penitenciários. 

Segundo avaliação feita pelas autoridades estaduais, incluindo Denarium, a situação do estado se agravou com a chegada de migrantes que fugiam da recessão na Venezuela, impactando na oferta de serviços públicos, especialmente nas áreas de educação, saúde e segurança pública.

Acusações contra João de Deus 


Conhecido nacionalmente e fora do país, o médium goiano João Teixeira de Faria, João de Deus, 76 anos, é acusado por centenas de mulheres de ter cometido abusos sexuais contra elas durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Promotores de Goiás contabilizavam 596 contatos feitos por supostas vítimas, vindos inclusive de outros estados e fora do país. João de Deus nega as acusações.

Uma semana após as denúncias se tornarem públicas, o Tribunal de Justiça de Goiás determinou a prisão preventiva do médium, que se entregou quase três dias depois e está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, à espera de que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprecie seu pedido de liberdade. 

Além das acusações de crimes sexuais, policiais civis encontraram mais de R$ 1,6 milhão guardados em compartimentos falsos em endereços ligados ao médium, além de joias e armas. O porte ilegal das armas de fogo levou a Justiça estadual a decretar uma nova prisão do médium, que foi substituída por prisão domiciliar. Mesmo com a decisão, João de Deus permanece preso por causa das demais acusações. Ontem (28), a Justiça acatou denúncia contra o médium por violação sexual e estupro de vulnerável. 

Battisti foragido


Em 13 de dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux determinou a prisão do italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país. No dia seguinte, o presidente Michel Temer assinou a extradição do italiano, medida que foi elogiado pelo governo da Itália. Battisti foi solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em 9 de junho 2011. Ele voltou a ser preso em outubro do ano passado na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, ao tentar sair do país ilegalmente com cerca de R$ 25 mil em moeda estrangeira. Desde a determinação de sua extradição, Battisti está foragido.

Novo presidente do STF e reajuste salarial
Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli tomou posse no cargo de presidente da Corte, sucedendo Cármen Lúcia. Ele ficará no comando da Corte até 2020. Os ministros do STF e a procuradora-geral da República tiveram os salários reajustados, passando de R$ 33,7 mil para R$ 39 mil. O aumento foi sancionado por Temer após acordo com a Suprema Corte para a revogação do auxílio-moradia a juízes de todo o país. Em dezembro, o CNJ aprovou nova resolução para regulamentar o pagamento de auxílio-moradia aos magistrados, no valor máximo de R$ 4.377,73.

Veja o que foi destaque na política em 2018


Em 2018, a política foi marcada por uma eleição geral com fatos inéditos, como um presidenciável que sofreu um atentado e um candidato preso. Em outubro, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro para a Presidência da República.

Eleições e vitória de Bolsonaro


Fatos inéditos marcaram as eleições gerais de 2018. Pela primeira vez, um presidenciável sofreu um atentado durante o processo eleitoral. O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado quando fazia campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro. Depois de atendido na emergência da Santa Casa de Juiz de Fora, foi transferido para São Paulo. Ficou internado no Hospital Israelita Albert Einstein durante 23 dias. E sem poder fazer campanha de rua, se comunicou com os eleitores pelas redes sociais. O autor do ataque, Adélio Bispo, foi preso e confessou o crime. 

Pela primeira vez, um preso tentou concorrer ao Palácio do Planalto. O PT lançou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detido em Curitiba. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de registro da candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. Somente no dia 11 de setembro, Lula foi substituído por Fernando Haddad, que figurava como candidato a vice-presidente na chapa da coligação PT-PCdoB-Pros. Mesmo com a pressão do antipetismo, Haddad disputou o segundo turno contra Bolsonaro.

Estas foram as eleições das notícias falsas (fake news, em inglês) e da divisão dos brasileiros entre petistas e bolsonaristas, que levaram até a brigas de famílias nas mídias sociais. O TSE mandou tirar do ar informações inverídicas envolvendo os presidenciáveis, durante a campanha. Também foi o primeiro processo eleitoral sem financiamento de empresas: os gastos foram bancados pelo Fundo Especial de Financiamento de Campanha, formado por recursos do Orçamento da União, além das doações de pessoas físicas e o financiamento coletivo.

Com 55,1% dos votos válidos, Jair Bolsonaro foi eleito o 38º presidente da República, no dia 28 de outubro, pondo fim a quatro mandatos presidenciais consecutivos do PT. Mantendo a estratégia de campanha de priorizar as redes sociais, o primeiro discurso de vitória foi feito por meio de uma transmissão ao vivo no Facebook, direto de sua casa, no Rio de Janeiro, quando garantiu que cumprirá as promessas de campanha e com cumprimento da Constituição. A vitória de Bolsonaro repercutiu fora do país, ganhando destaque na imprensa internacional. Entre os desafios para o novo presidente, é fazer a economia do Brasil crescer e avançar as reformas econômicas, como a mudanças nas regras da Previdência Social. 

No governo de transição, Bolsonaro anunciou a redução de ministérios, para 22 pastas, nomeou militares e o juiz Sergio Moro para o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Prisão de Lula


Em 2018, um ex-presidente da República foi preso por crime comum. Luiz Inácio Lula da Silva foi detido em 7 de abril, em São Bernardo do Campo (SP), na Grande São Paulo. Acompanhado por correligionários e simpatizantes, ele se entregou após ter sido condenado, em janeiro, a 12 anos e um mês de prisão, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP) . Na ação apresentada pelo Ministério Público Federal, ele é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.

O ex-presidente foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde cumpre pena. Simpatizantes montaram uma base de apoio em frente ao local para prestar solidariedade. Desde a prisão, a defesa de Lula tem apresentado diversos recursos para a soltura. Em julho, o desembargador de plantão do TRF4, Rogério Favreto, concedeu um pedido de liberdade. O juiz Sergio Moro e o desembargador Gebran Netto se posicionaram contrários. Por fim, o presidente do tribunal, Thompson Flores, manteve a prisão de Lula. Em setembro, o ex-presidente deixou a prisão, pela primeira vez, para prestar depoimento à Justiça e retornou.

Operações policiais e prisões de políticos 


Investigações realizadas no país ao longo de 2018 levaram à prisão de políticos, boa parte responde por corrupção e mau uso do dinheiro público e negam as acusações. Entre eles está o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), preso no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo, na manhã do dia 29 de novembro. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Pezão teria mantido o esquema de corrupção estruturado pelo ex-governador Sérgio Cabral, que está preso desde 2016. Entre 2007 e 2015, Pezão teria recebido cerca de R$ 25 milhões, o que representa em valores atualizados R$ 39,1 milhões.

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Apontado como um dos novos líderes do PSDB, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, foi preso durante a campanha eleitoral, na qual concorria ao Senado. Richa foi investigado na operação Radiopatrulha, que apurou desvios no programa Patrulha Rural, implantado para ampliar o policiamento em áreas rurais do Paraná. O tucano foi liberado poucos dias depois por ordem do ministro Gilmar Mendes, do STF, mas não conquistou uma cadeira no Senado.

Outro tucano preso neste ano foi Marconi Perillo, ex-governador de Goiás. A prisão foi decretada durante depoimento na Superintendência da Polícia Federal em Goiás. Ele foi investigado na operação Cash Delivery, que apura se a empreiteira Odebrecht teria repassado R$ 10 milhões para o tucano. Ele foi beneficado por um habeas corpus e deixou a prisão um dia depois. Ficou em quinto lugar na eleição para o Senado.

O Congresso passou neste ano por uma situação inusitada: parlamentares em regime semiaberto frequentavam a Câmara dos Deputados e o Senado Federal durante o dia e à noite e voltavam para a penitenciária da Papuda. Primeiro foi o deputado João Rodrigues (PSD-SC). Condenado por crime ambiental e descumprimento da lei de licitações quando era prefeito de Pinhalzinho (SC), Rodrigues foi preso no início do ano, mas teve autorização para cumprir o mandato durante o dia. Nas eleições de outubro, tentou sem sucesso renovar o mandato.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) se candidatou a governador, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral. O senador foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão, em regime semiaberto, pela prática de crime contra o sistema financeiro nacional. Foi preso em outubro, mas o ministro do STF Alexandre Moraes autorizou que Gurcaz exerça o mandato durante o dia, retornando à noite para a Papuda.

Neste mês, foi preso o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, em um desdobramento da operação Lava Jato. A apuração identificou desvios superiores a R$ 10 milhões, envolvendo empresas do transporte público rodoviário. 

30 anos da Constituição 



A promulgação da Constituição Cidadã completou 30 anos. Nesse período, o texto foi emendado 99 vezes, mas continua sendo referência da história contemporânea. Desde que foi promulgada em 1988, este foi o primeiro ano em que não ocorreram modificações no texto constitucional em virtude da intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro. A própria Carta Magna estabelece que seu texto não pode sofrer emendas durante a vigência de intervenção federal, de Estado de Defesa ou de Estado de sítio. Até agosto, a intervenção suspendeu a tramitação de 536 Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) no Senado. Já na Câmara, são 1.191 propostas que aguardam análise. 

Foro privilegiado

A discussão sobre a diminuição de alcance do foro privilegiado para autoridades avançou na Câmara dos Deputados. Impedidos de votar a matéria por se tratar de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) - em decorrência da intervenção federal no Rio de Janeiro - parlamentares aprovaram em Comissão Especial o texto proposto pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB). A matéria estabelece a restrição do foro privilegiado a cinco autoridades: o presidente da República e o vice; além dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.  

A restrição do foro privilegiado foi decidida, por unanimidade, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em maio. Os ministros aplicaram o entendimento segundo o qual só devem permanecer no Supremo processos contra deputados e senadores cujos crimes tenham sido cometidos durante e em razão do mandato. 

Reforma tributária 

Após catorze anos de tramitação, a reforma tributária avançou na Câmara dos Deputados. Aprovada em comissão especial, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 293/04 extingue nove tributos federais (ISS, ICMS, IPI, PIS, Cofins, Cide, salário-educação, IOF e Pasep), o ICMS estadual e o ISS municipal. Em substituição a esses impostos, serão criados dois novos tributos: o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo, um imposto sobre bens e serviços específicos, de competência federal. O texto ainda precisa ser analisado pelo plenário da Câmara e do Senado.

50 anos do AI-5


Há 50 anos, o general Costa e Silva decretou o Ato Institucional número 5 (AI-5), medida que suspendeu os direitos políticos no país por quase uma década. O AI-5 permitia que o presidente da República fechasse o Congresso Nacional, as assembleias legislativas e as câmaras de vereadores, cassasse mandatos de parlamentares, suspendesse direitos políticos dos cidadãos e destituísse servidores públicos, incluindo juízes. Logo depois de baixar o AI-5, no dia 13 de dezembro de 1968, Costa e Silva fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado e começou a cassar mandato de parlamentares, incluindo Marcio Moreira Alves, jovem deputado do MDB do Rio de Janeiro, que meses antes havia sugerido um boicote às comemorações de 7 de Setembro, em discurso na Câmara. 

O Palácio do Planalto decidiu processar o parlamentar por injúria, mas a Câmara dos Deputados negou a autorização para abertura de processo. Sob a vigência do AI-5, cerca de 300 parlamentares tiveram o mandato cassado. O Congresso Nacional só voltou a funcionar em outubro de 1969. A justificativa do AI-5 era assegurar a ordem e a tranquilidade no país. A medida foi revogada em outubro de 1978, como parte do processo de abertura política.

Retrospectiva 2018: veja fatos que marcaram a economia

No ano de 2018, os brasileiros viram uma recuperação, ainda lenta, da economia do país. Em maio, a greve dos caminhoneiros parou o país, afetando o desempenho da produção e do PIB. Depois da paralisação, o governo passou a subsidiar o preço do diesel, já o da gasolina continuou liberado. 

O dólar e a Bolsa de Valores sofreram oscilações, motivadas por fatores internos e externos, como as eleições de outubro e a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Veja fatos marcantes da economia em 2018:

Greve dos caminhoneiros


No fim de maio, o Brasil parou por dez dias na maior greve registrada em mais de 20 anos. Insatisfeitos com os aumentos diários no preço do diesel, os caminhoneiros cruzaram os braços e bloquearam rodovias em todo o país, provocando desabastecimento de alimentos e combustível no país. Sucessivas reuniões entre governo, associações e entidades terminaram sem acordo. As estradas só foram liberadas depois que comboios do Exército, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Aérea Brasileira e de policiais militares passaram a escoltar os caminhões. Em troca, o governo introduziu a redução de R$ 0,46 no litro do diesel, bancada por um subsídio. Os dias de desabastecimento fizeram a economia retrair-se. Segundo o Ministério da Fazenda, a greve custou R$ 15 bilhões, o equivalente a 0,2% do PIB.

O governo também passou a tabelar os fretes rodoviários. Em dezembro, uma liminar do Supremo Tribunal Federal suspendeu a cobrança de multa de quem descumprisse a tabela, mas a decisão foi revertida dias depois.

Preço da gasolina e saída do presidente da Petrobras


Enquanto o governo passou a subsidiar o diesel, a gasolina continuou com o preço liberado. A greve dos caminhoneiros provocou a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras, que passou a ser comandada por Ivan Monteiro. Em setembro, a estatal, que detém o monopólio do refino no país, anunciou uma mudança na política de preços e passou a revisar o preço da gasolina nas refinarias a cada 15 dias, em substituição aos ajustes diários. No fim de setembro, a cotação internacional do petróleo começou a cair, mas o recuo não está sendo repassado integralmente aos consumidores.

PIB


Apesar de ter travado o país no fim de maio, a greve dos caminhoneiros não foi a única responsável pela lentidão na recuperação econômica. As incertezas externas provocadas pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, pela emergência de uma coalizão eurocética na Itália, o vaivém da saída do Reino Unido da União Europeia e a tensão do processo eleitoral no Brasil derrubaram ainda mais as estimativas para o PIB. Inicialmente, a previsão de crescimento caiu para 1,6%. Nas últimas semanas do ano, o Banco Central reduziu ainda mais a projeção, para 1,3%, apenas metade do PIB inicialmente estimado para o ano.

Aviação



O ano também foi complicado para a aviação brasileira. Pressionada pela alta do dólar e sem dinheiro para pagar o leasing (aluguel) de aviões, a companhia aérea Avianca entrou com pedido de recuperação judicial. Em reação ao cenário, o governo editou uma medida provisória liberando 100% de capital estrangeiro nas empresas aéreas que operam no país. Até agora, os estrangeiros podiam deter até 20% do capital de uma companhia aérea nacional.

Dólar


O mercado de ações e de câmbio passou por fortes oscilações ao longo deste ano, tanto por influências internas como externas. No exterior, a disputa comercial entre China e Estados Unidos e a política monetária americana levou à valorização do dólar em relação a moedas de países emergentes. Com a alta da taxa de juros nos Estados Unidos, investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem preferir tirar recurso do país e investir em títulos do Tesouro americano, considerados os papéis mais seguros do mundo. Com menos dólares no mercado, o preço da moeda subiu. No último dia 19, o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, elevou os juros pela quarta vez, neste ano - que passou para a faixa entre 2,25% e 2,5%, maior patamar desde o início de 2008.

Internamente, a cotação da moeda foi afetada pelas eleições de outubro. O pico da alta do dólar ocorreu em meados de setembro, quando chegou a R$ 4,19, o patamar mais alto desde o início do Plano Real. Após a definição das eleições, a cotação caiu, chegando a R$ 3,64 durante o dia 29 de outubro. Entretanto, com as altas dos juros americanos, o dólar voltou a subir e chegou a R$ 3,90, no início de dezembro deste ano.

Bolsa de Valores

Os efeitos externos e internos também afetaram o principal índice do mercado de ações no Brasil, o Ibovespa. No dia 18 de junho, o Ibovespa fechou em baixa de 1,33% com 69.814 pontos, marca abaixo dos 70 mil pontos não registrada desde agosto de 2017. Esse foi o menor patamar registrado neste ano. Após as eleições, no dia 29 de outubro, o Ibovespa registrou 83.796 pontos e fechou o mês, no dia 31, em 87.423. Em 11 meses deste ano, o Ibovespa acumula valorização de 17,15%, fechando novembro cotado em 89.504 pontos.

Inflação e Taxa de Juros

Com inflação mais baixa e economia em recuperação gradual, a taxa básica de juros, a Selic, chegou a seu menor nível histórico em 2018. O ciclo de cortes na Selic até chegar aos atuais 6,5% ao ano começou em outubro de 2016, quando a taxa caiu 0,25 ponto percentual para 14% ao ano. Esse processo durou até março deste ano, quando a Selic chegou ao seu mínimo histórico. Nas reuniões seis reuniões seguintes, o Banco Central optou por manter a Selic em 6,5% ao ano.


Ao longo deste ano, a inflação sofreu pressão nos preços dos combustíveis e de energia. Entretanto, ao final do ano, com as reduções na cotação do dólar em relação ao período das eleições e do petróleo, os preços da gasolina e do botijão de gás caíram. Com isso, o BC passou a prever inflação menor do que a esperada anteriormente. Outro fator que contribui para reduzir as previsões da inflação são as mudanças das bandeiras tarifárias da energia elétrica. 

O IPCA acumula alta de 4,05% nos 12 meses terminados em novembro, abaixo do centro da meta de inflação, que é de 4,5%. Essa meta tem limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. Para o BC, a inflação deve fechar este ano em 3,7%.

Agência Brasil


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