"Parecia que não ia ter fim" e "me agrediu várias vezes": filhos detalham violência e cárcere cometidos pelo pai no RN

"Parecia que não ia ter fim" e "me agrediu várias vezes": filhos detalham violência e cárcere cometidos pelo pai no 𝗥𝗡




Um homem de 50 anos foi preso pela Polícia Civil na praia de Búzios, no município de Nísia Floresta, na Região Metropolitana de Natal. Ele é suspeito de cometer uma série de crimes contra a esposa e os filhos. O caso foi revelado nessa terça-feira (29).


Em entrevista exclusiva à TV Tropical, a jovem contou em detalhes como foram os quase 8 anos em que foi mantida em cárcere privado pelo próprio pai. A adolescente ficou sem estudar por todo esse tempo.


"Ainda estou sem acreditar. Porque era uma coisa que parecia que não iria ter fim. Ainda não caiu a ficha. Mudou toda a visão que a gente tinha, que a gente via só naquela casa. Só em ter um pouco mais de liberdade, é muito diferente", falou ao repórter Jorge Talmon.


A menina acrescentou que foi proibida de estudar em 2015. Segundo ela, o homem justificava que não tinha condições de pagar uma escola e não queria matricular a filha em uma instituição pública.


"Em 2015, eu parei de estudar, que ele não deixou eu continuar o estudo. Ele dizia que não tinha dinheiro para pagar a escola particular e ele não quis me botar na pública. Não me deixou concluir os estudos. Eu até tentei fazer supletivo, mas nem identidade eu tinha. Tinha que ir com ele, sempre era estresse. A gente não podia ir só. Isso não é amor", relatou.


O outro filho, que foi responsável por fazer a denúncia à polícia após presenciar mais um caso de violência, também deu detalhes das agressões. "Havia tido uma discussão no quarto. Eles iam dormir na hora e aí o quarto estava fechado e eu ouvi um barulho da minha mãe gritando. 'Você está me batendo, você está me batendo'. Eu ouvia um barulho de alguém sendo enforcado, foi o que eu identifiquei na hora", contou.


O rapaz acrescentou que decidiu intervir na situação por não aguentar mais os casos de violência em que a mãe era submetida. "Eu estava na sala e entrei no quarto. Apartei e bati nele. Ele arranhou meu rosto. Eu defendi minha mãe", disse.


Após o episódio, ele resolveu procurar ajuda com uma pessoa conhecida. Lá, pegou o celular da amiga emprestado e fez acionou a Polícia Militar. Os policiais foram à casa da família e prenderam o homem.


"Ele me colocou para fora de casa. Eu arrumei minhas malas. Ele não deixou nem eu levar meu celular, porque eu ia ligar pro 190. Minha mãe pediu para eu ligar. Eu saí e fui para uma conhecida minha. Ela emprestou o celular, eu liguei para a polícia, que chegou. Ele agiu como se nada tivesse acontecido. Eu nervoso nem apareci na hora. Fiquei na esquina passando mal", pontuou.


"Ele não foi um bom pai. Ele foi um pai omisso, violento, principalmente a agressão, que na minha vida, ele me agrediu algumas vezes. Acho que a questão que mais pesa, em toda a minha vida, é o psicológico, que sempre foi uma coisa muito difícil. Eu ia para os lugares e tinha aquele medo de voltar para casa", completou.


O delegado Júlio Costa, titular da Delegacia de Nísia Floresta, falou sobre o caso. "Ela só podia se deslocar do quarto para a cozinha para se alimentar, nem acesso ao terraço do imóvel ela tinha. Situação muito grave", destacou a autoridade. 


De acordo com o delegado, o homem foi autuado por lesão corporal e ameaça contra a esposa e por cárcere privado por manter a filha presa dentro de casa. O agente de segurança relatou a cena na casa da família.


"Essa vítima está sem cor, branca, por estar há dois anos sem tomar sol. Ela fala muito baixo. Não tem contato com o mundo exterior É uma debilidade muito grande. É um caso chocante", disse.


Costa acrescentou ainda que o pai vai aguardar o desenrolar das investigações preso e à disposição da Justiça. "Isso é muito bom porque se esse indicado retornar para casa existe a tendência de praticar um crime mais grave, podendo até matar um familiar", concluiu.


Portal da Tropical

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