Relatos de um preso da ditadura

Ex-guerrilheiro Luciano de Almeida conta como foram os dez anos na cadeia e porque fez sete greves de fome




Grupo de homens presos durante golpe militar Fotos: Ana Amaral/DN/D.A Press
Contrário ao pensamento do presidente, Luciano diz que a greve de fome é o instrumento de luta mais extremo dos presos políticos. "A forma de resistência dentro da cadeia, sob cerco total do inimigo, é a greve de fome", disse o ex-guerrilheiroque participou de sete greves, sendo a primeira por melhores condições de sobrevivência dentro da prisão e para ter acesso a jornais, revistas, livros. "Depois eu participei pela minha liberdade, na qual eu fiquei sem me alimentar durante 38 dias. Mas ao todo, fiquei 147 dias sem comer. Na época, a greve de fome era, realmente, barra pesada, só na base da água"afirmou







As sequelas físicas foram inevitáveis. "Sou diabético em função disso. Não somente em virtude do período de tensão da época. A forma que a ditadura nos tratava era a pior possível. Eles procuravam sempre nos destruir. A greve de fome é uma forma de resistência passiva, não violenta, em que você expõe sua própria vida, sua saúde, seu corpo em função de uma causa que julgamos nobre", disse. Sejam no corpo ou na alma, para Luciano todas as marcas se justificam. "Eu vivo a vida da forma como ela me é dada. Passei dez anos preso, mas nunca lamentei um dia sequer, pois eu sabia porque estava alí. Nunca ia ser conivente, cúmplice de um regime que oprimia a minha geração, meus amigos, a minha família", declarou.

Jornalista discorda de Lula e acredita que ficar sem comer é protesto silencioso
Para o ex-gerrilheiro, os danos políticos e morais causados pelos presos à ditadura foram muito maiores dos que ela os causou. "Na minha atividade política jamais seria capaz de torturar uma pessoa. Acho que é um crime contra a humanidade. Hoje se discute a questão dos torturadores. Eu passei dez anos preso, fui ofendido, humilhado, mas os torturadores continuam impunes. Não tenho vontade de me referir a essas pessoas, que para mim constituem a excrecência da humanidade. Enquanto existir poder, haverá esse lado sórdido", declarou.







Momentos finais
Julgamento do casal Nardoni, acusados de matar a menina Isabella, deve começar amanhã
Ullisses Campbell

São Paulo - Uma novela que dura dois anos terá um capítulo final a partir dessa semana. Os protagonistas, Alexandre Nardoni, 31 anos, e sua mulher, Anna Carolina Jatobá, 25, acusados de matar a pequena Isabella, 5, em março de 2008, sentarão no banco dos réus do Fórum de Santana, Zona Norte de São Paulo. O desfecho final para o crime que chocou a opinião pública poderá durar três dias. Está marcado para começar amanhã, mas como todo folhetim, pode haver uma reviravolta nos momentos finais: o pedreiro Gabriel dos Santos Neto, 32 anos, principal testemunha da defesa, não foi localizado. Com isso, o juiz poderá adiar o julgamento.

Alexandre e Anna Carolina negam autoria do assassinato da menina Foto: Grizar Junior/Futura Press
O Brasil todo está de olho no destino que sete jurados darão ao casal Nardoni. Não à toa. Trata-se de um melodrama típico e recheado de histórias de amor, ciúme, traição e assassinato. Tudo começou em 2001, quando Alexandre conheceu Ana Carolina de Oliveira, hoje com 27 anos. Namoraram dois anos e dessa relação nasceu Isabella Nardoni. Quando Ana Carolina estava grávida, Alexandre conheceu na faculdade outra Anna Carolina, a Jatobá, e engatou um romance paralelo. Quando Isabella nasceu em 2004, Nardoni já estava casado com Anna Carolina.

Mesmo morando com a mãe, Isabella se apegou a figura do pai e, principalmente, aos dois meios irmãos, Pietro e Cauã, à época com 3 e 5 anos, ambos filhos de Anna Carolina. Assim, Isabella passava um fim de semana sim e outro não na casa do pai para brincar com as outras crianças. Segundo um levantamento sobre o perfil psicológico do casal feito pelo Ministério Público, Anna Carolina ficava incomodada com a presença de Isabella dentro de casa. Sentia-se insegura com o laço que ligava o marido à ex-mulher. "Anna Carolina é uma mulher fria e ciumenta. Discutia muito com o Alexandre. 
Numa dessas brigas, chegou a quebrar um vidro da janela", relata o promotor de acusação, Francisco Cembranelli.

Ainda segundo a acusação, as cenas constantes de violência ficaram cada vez mais frequentes e fortes. Tinham como motivo ciúmes e uma dificuldade financeira enfrentada pelo casal. Tanto Alexandre quanto Anna Carolina não trabalhavam na época do assassinato e a mãe de Isabela ainda exigia um aumento na pensão de R$ 500 que o pai dava mensalmente para ajudar o sustento da família. "O dinheiro é um fator preponderante, mas não decisivo para o crime", diz o promotor.

Segundo a defesa, ao voltar do supermercado na noite do sábado 29 de março, uma briga travada entre Anna Carolina e Alexandre Nardoni dentro do carro, testemunhada por Isabella e Pietro, foi o começo da sequência de cenas trágicas que selaram o fim da vida da menina e conduziram o pai e a madrasta à cadeia. Enciumada, Anna Carolina teria batido em Isabella até que ela desmaiasse. Já em casa, a menina foi esganada e jogada pela janela do sexto andar. "Essas cenas não saem da nossa cabeça. Até hoje ninguém acredita que isso tenha acontecido aqui neste prédio", conta a bancária Regina Sarmento, 42, moradora do edifício London, na Villa Mazzei, em São Paulo, bairro que serviu de cenário para o drama de Isabella.

Como toda história que acaba em cenas emocionantes de tribunal, há duas versões para o crime. O casal de réus jura inocência e disseram em depoimento que jamais fariam mal a Isabella. O advogado dos dois, Roberto Podval, sustenta que uma terceira pessoa entrou no apartamento na noite do crime para assaltar e, num ataque de fúria, teria jogado a menina pela janela. 

Marina Silva nega rótulo "neoliberalismo verde" para sua candidatura à Presidência 


RODRIGO VARGAS
Agência Folha, em Cuiabá
A pré-candidata do PV à Presidência, Mar 
ina Silva, disse que não está construindo uma "agenda de direita ou de esquerda" para as eleições. E afirmou que não conhece o significado da expressão "neoliberalismo verde",
eleições. E afirmou que não conhece o significado da expressão "neoliberalismo verde", cunhada por críticos de seus recentes movimentos em busca de apoio.
"Precisamos sair destes rótulos. Eu não sei o que significa esta história de 'neoliberalismo verde'. O que eu sei é que nós tivemos conquistas nos últimos 16 anos e elas precisam ser preservadas", disse Marina.
A polêmica ganhou força após o anúncio da adesão do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, tido como supostamente mais identificado com ideias defendidas pelo PSDB.
"Sempre buscamos oferecer alternativas, à margem de partidos e de governos. Para isso, vamos discutir com as pessoas, sem rotulá-las e sem fazer policiamento", afirmou Marina.
Ela defendeu a autonomia do Banco Central, as metas de inflação e a manutenção do superávit primário. "Eu me lembro que, quando se falava em controlar a inflação e criar reservas, diziam que era uma política neoliberal. O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso fez isso e o presidente Lula continuou fazendo."
Questionada sobre o apoio do PSDB à candidatura do deputado federal Fernando Gabeira (PV) ao governo do Rio de Janeiro, Marina mencionou o apoio do PV à candidatura do senador petista Tião Viana ao governo do Acre.
O PV conduz um "processo correto", disse a senadora, e seu programa de governo será "guiado por princípios". "Para que nós vamos nos apequenar em uma discussão sobre o que é direita e o que é esquerda? Precisamos é assegurar que haja coerência interna e externa em torno de princípios."
PRÉ-SAL
Por ver risco de "contaminação pelo período eleitoral", a senadora defendeu que as discussões sobre marco regulatório do pré-sal sejam transferidas para 2011. " O caso dos royalties já está contaminado. O melhor seria fazer dois movimentos: deixar para 2011 e desde já pensar como isso seria feito à luz da reforma tributária."
Ela também se disse favorável à reforma política e ao financiamento público de campanhas, mas por meio de uma "constituinte exclusiva". "Deveríamos ter deputados e senadores eleitos só para isso e que não poderiam concorrer nas próximas eleições. É a maneira de sairmos do impasse."  

Por: Ev. Júnior Freitas

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