Família vela pedreiro sem saber causa da morte em cidade do RN: 'Misto de dor e incerteza'



Um pedreiro de 34 anos morreu após atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Parnamirim, na Grande Natal, na noite de segunda-feira (20). O corpo de Antônio Araújo Silva, que se queixava de febre e falta de apetite, não passou pelo procedimento de necrópsia e a causa do óbito não foi esclarecida, segundo os familiares.

Antônio Araújo foi levado a uma clínica privada em Parnamirim para fazer exames de endoscopia e um ultrassom abdominal, na tarde de segunda (20). Os familiares suspeitavam de tuberculose e os exames constataram um quadro leve de gastrite. Em seguida, à noite, ele foi levado para a UPA da cidade, onde piorou e morreu após uma hemorragia.

"Ele fez a endoscopia porque estava sentindo febre há uns 20 dias e não estava comendo direito. A gente queria saber o que era para tratar. Na endoscopia ele teve um sagramento que causou uma hemorragia e a clínica não prestou o atendimento adequado porque deveria ter chamado o Samu, acredito. A gente que trouxe ele em um carro particular para a UPA", explicou Rafaela Cristina Araújo Silva, irmã de Antônio.

Segundo a família do pedreiro, ele chegou na UPA em estado grave após os exames na clínica particular. Os médicos da unidade pública tentaram reanimar o homem de 34 anos, mas não tiveram sucesso. O corpo foi liberado aos familiares com a declaração de óbito que atestava "causa indeterminada".

"O médico só colocou na declaração que a morte não tinha causa determinada, só que a gente quer que seja feita a autópsia para saber o que de fato aconteceu. Infelizmente estamos aqui velando o meu irmão sem saber do que ele morreu. Isso não é justo, é um misto de dor e incerteza", completa Rafaela.

A necrópsia - procedimento médico que examina o cadáver para determinar a causa e o modo da morte - não foi feita no pedreiro porque o Serviço de Verificação de Óbitos do RN (SVO) não está recebendo corpos devido a pandemia do novo coronavírus, segundo uma médica da UPA Parnamirim. Ainda de acordo com a profissional, atualmente o SVO se limita a receber casos de óbitos residenciais ou de vítimas da Covid-19 por causa da superlotação do serviço.

A família acredita que Antônio possa ter morrido em decorrência de um câncer ou tuberculose. "A gente só queria esse esclarecimento. Tudo indica que foi tuberculose, mas quem comprova?", questiona João Kennedy da Silva Junior, enteado de Antônio Araújo.

O corpo de Antônio Araújo Silva, de 34 anos, está sendo velado na manhã desta terça-feira (21) ainda sob a incerteza da causa da morte. Ele será sepultado na cidade onde nasceu em São Rafael, região Oeste do Rio Grande do Norte.

A reportagem do G1 tentou entrar em contato com a clínica particular que atendeu Antônio para repercutir as denúncias da família, mas não obteve retorno. Sobre a superlotação no SVO, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) prometeu se pronunciar por meio de nota.

Por Bruno Vital e Sérgio Henrique Santos, G1 RN e Inter TV Cabugi

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